28.12.11

Devaneios I

Dali, delá e decá

Deitado sem querer dormir, ouço o som do relógio que vem lá da sala me fazer companhia [Tic - tac - tic - tac], a essa altura já devem ser duas da madrugada e eu aqui lutando contra o sono e lembrando, como sempre faço, do dia que a essas horas já foi ontem, mais um dia perdido que não voltará, mas que não me arrependo, porque não fiz ninguém triste, eu acho, também não fiz ninguém feliz então até aí é empate.

Não sou tão pessimista a ponto de pensar que um empate é ruim, antes fosse, talvez a culpa me fizesse tentar fazer algo melhor, ganhar ao menos uma vez [Tic - tac - tic - tac].
Lembro que acordei tarde, tomei meu café sozinho, estava um pouco forte e um tanto amargo, passei a manhã revisando uns trabalhos antigos mal acabados, choveu um pouco no começo da tarde mesmo assim tive que ir ao banco, meu guarda-chuvas virou do avesso umas três vezes por causa do vento forte que vinha, cheguei ao banco todo ensopado, como eu detesto fila, e pra piorar tinha uma velha na minha frente.

Ela se virou pra mim e perguntou quantas horas [Tic - tac - tic - tac], ainda era cedo, terminei o que tinha a fazer e sai. A chuva já havia passado e o sol já quase aparecia, a velha do banco sentou-se ao meu lado no metrô, olho para o lado da janela esperando que ela não puxe papo. Droga não adiantou, ela começou a falar de quanto  ela sentia falta dos tempos antigos, falou dos netos, de alguns sites que ela descobriu recentemente, e outras coisas que não me dei ao trabalho de prestar atenção, respondi a tudo com um sorriso sem graça, mesmo assim ela parece feliz com a conversa [Tec - tec - tric - trac]. 

Minha estação. Abro o guarda-chuvas e salto do trem, "porcaria de guarda-chuvas" virou do avesso na metade da decida, três metros de queda e um galo. Passo na frente da casa de um velho amigo, ele me vê pela janela e acena me chama pra entrar. A quanto tempo não o vejo, mesmo assim tivemos uma ótima conversa, "Olha a hora, passou rápido, tenho que ir pra casa, deixei  o jornal no fogo, as noticias devem estar quentinhas" [Trec - trec - tricri - tracri]. Antes de chegar em casa sinto um vento que soprou forte, tem cheirinho de infancia, minha alma se enche de uma coisa estranha, me sinto mais leve, feliz. Nem o cachorro do vizinho, magro e feio que sempre tenta subir em mim com as patas suja e com um mau cheiro horrível me aborrece. Boto a mão no bolso da calça e tiro um punhado de ração, que o esfomeado não espera nem  eu terminar de tirar do bolso e já vai lambendo minha mão, odeio cachorro, mais agora nem me incomodo. Chego em casa tiro o casaco molhado, sento no sofá e fecho os olhos [Babadu - baba - badu -badá ].

Pensando bem, hoje não foi ruim, não foi um dia perdido, acho que eu ganhei o dia de hoje, pensando bem eu realm... 
                                     Bip 
                                                Bip  
                                                        Bip

Droga, já são 8:00 da manhã, nem vi quando peguei no sono, estava sonhando, mas não sei onde nisso tudo começou esse sonho.

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